quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Faz 43 anos

13 Fevereiro 2008 – 13 de Janeiro de 1965

Humberto da Silva Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906, em S. Simão da Brogueira – Torres Novas e foi assassinado pela PIDE a 13 de Fevereiro de 1965, em Villa Nueva del Fresno, perto de Badajoz (Espanha) após vários anos de exílio.

Humberto Delgado

Termina o mandato do Presidente Craveiro Lopes. Em Fevereiro de 1958, Humberto Delgado declara-se Candidato à Presidência da República, contra o almirante Américo Tomás (apoiante de Salazar). Reúne em torno da sua candidatura toda a oposição ao regime, mormente os comunistas.

“Obviamente demito-o”

Bastou uma simples frase, para que Humberto Delgado, escrevesse o seu destino na história política de Portugal contemporâneo.

O episódio a que esta frase se refere, passou-se em Lisboa no café “Chave de Ouro”, no dia 10 de Maio de 1958, respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Mário Neves, correspondente da France Press:

“Qual a sua atitude para com o Sr. Presidente do Conselho se for eleito?”

O ”General sem medo” disse: "demito-o, obviamente", a afirmação passaria à história com as palavras em ordem inversa.

Foi a frase de declaração de guerra ao regime, que verdadeiramente iniciaria o caminho que o introduz na História, e lhe carreia o cognome de "General sem Medo".

Com esta resposta, passou de um General candidato, a grande esperança da democracia em Portugal.

Depois das eleições, que ficaram conhecidas por constituírem uma maciça fraude eleitoral, Salazar promove, em Agosto de 1959, uma revisão da Constituição, impedindo a eleição do Presidente da República por sufrágio directo, sendo substituído por sufrágio indirecto proporcionado por um colégio eleitoral de total confiança do Governo.

No rescaldo das eleições o governo demitiu Humberto Delgado das funções de Director-geral da Aeronáutica Civil, a 12 de Junho de 1958.

Avisado de que estava preparada uma falsa manifestação de apoio em frente da sua residência, com elementos da PIDE e da Legião, com intuitos de o assassinarem, refugiou-se na Embaixada do Brasil a 12 de Janeiro de 1959. depois exila-se para aquele país.

Assumiu a responsabilidade política da controversa captura o paquete "Santa Maria", operação levada a cabo por Henrique Galvão e membros do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) em 22 de Janeiro de 1961.

Nos finais de 1961, Humberto Delgado entra clandestinamente em Portugal para tomar parte na fracassada revolta de Beja, conseguindo iludir a vigilância da PIDE durante quinze dias.

1963: Instala-se na Argélia e assume a chefia da Junta Patriótica de Libertação Nacional.

1964: Deixa a J.P.L.N. e funda a Frente Portuguesa de Libertação Nacional.

A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, não podia falhar novamente e planejou minuciosamente o assassinato do opositor na chamada "Operação Outono".

A emboscada começou meses antes, quando membros da PIDE que se tinham infiltrado nos círculos de confiança do general o convenceram de que ele tinha que viajar para Badajoz, saindo da Argélia, para tentar derrubar o regime.

Foi assim que ele anuiu ir ao encontro de Badajoz. Convencido que se reuniria, em um escritório dos correios da cidade espanhola de Badajoz, com um grupo de opositores interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte.

13 de Fevereiro de 1965 é a data do encontro fatídico. Ele tinha tanta confiança de que tudo estava acontecendo dentro do previsto, que enviou do escritório dos correios quatro cartões postais a amigos residentes em quatro países diferentes, assinados com o pseudónimo (Deolinda).

O objectivo do envio destes postais correspondia a um código, previamente combinado, que significava: estou vivo e não estou preso.

Foi o último sinal de vida e por isso esta data é considerada a data do seu assassinato que se pressupõe ter ocorrido perto de Olivença.

O assassinato do "general sem medo" foi realizado por uma brigada de quatro agentes da PIDE que cruzaram a fronteira entre Espanha e Portugal usando passaportes falsos.

O grupo era comandado por António Rosa Casaco, acompanhado por Agostinho Tienza, Ernesto Lopes Ramos e Casimiro Monteiro, este último autor dos disparos que mataram Humberto Delgado e sua secretária, a brasileira Arajaryr Moreira de Campos.

Depois do assassinato, Rosa Casaco telefonou para o chefe da polícia política do regime, o major Silva Pais, a quem confirmou as mortes.

Passam-se semanas sem qualquer notícia do seu paradeiro.

Dois meses e meio depois, a 24 de Abril de 1965, os corpos do de Humberto Delgado e de sua secretária são encontrados por duas crianças, em adiantado estado de decomposição, perto da cidade de Villanueva del Fresno.

No entanto diversos elementos permitem identificá-los, dando início a um árduo processo judicial, que só terminaria após o 25 de Abril de 1974, com a condenação em tribunal militar dos ex-agentes da PIDE directamente implicados.

Em 1990 Humberto Delgado foi promovido a título póstumo a Marechal da Força Aérea e seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional em Lisboa.

Para lembrar o assassinato, de Humberto Delgado, no local exacto onde Casimiro Monteiro apertou o gatilho de sua pistola, foi erguido em 1995 um monumento que simboliza o triunfo da liberdade sobre a morte.

“Estou pronto a morrer pela Liberdade”

*

Humberto Delgado

Candidato a Presidência da Republica

discurso de Chaves ------- Maio 1958

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