Fotografia tirada a 9 de Abril de 1930
A República portuguesa entrou no conflito europeu no ano de 1916, tendo o primeiro contingente do CEP partido a 26 de Janeiro de 1917 em direcção à Flandres francesa, sob o comando do General Tamagnini de Abreu.
Durante dois anos consecutivos, os soldados portugueses combateram nas trincheiras da frente, em condições extremamente duras, sem quaisquer reforços, suportando as agruras dos combates, do frio e das múltiplas privações.
Devido ao cansaço acumulado e à moral que estava muito baixa, foi decidido que seriam revezados por unidades britânicas. Durante esta substituição, em Abril de 1918, deu-se uma grande ofensiva alemã, que constituía um plano para abrir brechas nas linhas da frente dos aliados (onde estava incluído o CEP), tentando forçar o caminho para Paris
Na madrugada do dia 9 de Abril de 1918, desencadeou-se no sector português uma ofensiva alemã que alteraria o curso da guerra, viria a constituir-se num marco histórico de profundo significado para Portugal, com as tropas inimigas a abaterem-se sobre os soldados portugueses.
Aquilo que os portugueses denominaram de Batalha de La Lyz (Batalha de Armentières), foi realmente o primeiro dia da Ofensiva de La Lyz do general Ludendorff, denominada Operação Georgette lançada pelo Sexto Exército Alemão contra a segunda divisão do CEP.
C.E.P. - Corpo Expedicionário Português tradução do inglês Portuguese Expeditionary Corps, com que os ingleses denominaram as forças portuguesas que combateram na Grande Guerra, e que mais tarde os próprios soldados portugueses denominaram de "Carneiros de Exportação Portuguesa", pela falta de preparação técnica e ausência de equipamento militar adequado a essa guerra moderna.
Segundo o Estado-Maior do Exército, nesse dia, o Corpo Expedicionário Português sofreu dois mil mortos, cinco mil feridos e seis mil prisioneiros.
A participação portuguesa na guerra de 14-18 (que se repartiria entre França, Angola e Moçambique) foi na altura, tema de batalhas verbais, entre os partidários de Afonso Costa, no Poder, e as alas da direita republicana, monárquica e clerical, avessas a uma intervenção no conflito.
O golpe militar de 5 de Dezembro de 1917, em Lisboa, protagonizado por Sidónio Pais, parece ter sido a machadada final numa moral beligerante desde sempre frágil. O CEP ficaria entregue à má sorte, por um novo poder a braços com uma inflação nunca vista, falta de alimentos, pestes e a contestação cada vez mais forte de uma guerra distante.
Embora as romagens anuais efectuadas ao túmulo do Soldado Desconhecido pretendam homenagear «todos quantos lutaram por Portugal, independentemente de qualquer época ou lugar», nunca poderão compensar o "crime" de se ter enviado para a morte, em 1917, milhares de portugueses, que não tinham preparação militar adequada, nem meios materiais e equipamento para uma guerra moderna.
O total de efectivos portugueses enviados para a França, entre 1917 e 1918, foi de 55.083. Tivemos 2.086 mortos e 5.524 feridos, o custo do baptismo de fogo, que o governo da República insistiu dar a Portugal para defender o seu Império Colonial.
2 comentários:
O meu avô paterno (Armando Leão) foi um dos 6.000 prisioneiros desse dia.
É o segundo a contar da esquerda da primeira fila.
Bomdia
felicito-o pelo trabalho de memoria que faz.
E pena hoje em 11 de novembro 2008 não se falar desses portugueses que deram a vida durante a grande Guerra.
Lembrei esse conflito no blogue da minha terra : Forninhos, Concelho de Aguiar da Beira, Guarda com uma serie de postais sobre o CEP nas linhas da frente.
http://forninhos.blogspot.com/2008/11/90-anos.html
@té breve
Carlos de Matos
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